Vivemos em uma sociedade onde existe um padrão considerado “normal” e “aceitável”. Uma sociedade cisheteronormativa. O que isso significa: ser cisgênero (aquela pessoa que não é trans, ou seja, que se identifica com o sexo designado ao nascimento) e heterossexual (quem se relaciona afetivo-sexualmente com pessoas do gênero oposto) é a regra social imposta como normal. Quando uma pessoa não se encaixa nesse padrão, quando ela tenta ser quem ela realmente é, seja reivindicando sua identidade trans (ou travesti, ou transgênere), seja se relacionando afetivamente com pessoas de outros gêneros, a sociedade faz um movimento de rejeição, às vezes violento, o que pode fazer com que quem não se encaixe nos padrões sofra de muitas maneiras. “Esconder-se no armário” é uma expressão usada para definir quem ainda não encontrou possibilidades de se assumir e ser feliz. Além das violências físicas, emocionais e simbólicas que pessoas LGBT sofrem, existem as violências sociais. O Brasil é um país, como tantos outros, cheio de incoerências. Ao mesmo tempo em que somos conhecidas por sermos amigáveis e receptivas, também somos o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo (segundo a ANTRA). Ser LGBT no Brasil é perigoso, e essa realidade pode gerar ansiedade, medo, dúvidas e muitas incertezas. Sou uma mulher branca cis hetero que estuda a saúde mental das pessoas LGBTQIAP+. A psicoterapia é um espaço seguro para compreender os processos vivenciados na descoberta da sexualidade e ressignificação das violências sofridas, além de colaborar com a construção de uma maior qualidade de vida e relações mais harmônicas na família, na escola, no trabalho e nos diversos círculos sociais.